"Ainda mastigando nuvens..." [Resenha]
Impressões sobre: Colapso Azul.
Minha leitura começa antes de ter o livro nas mãos.
Ao receber o convite para o lançamento do livro, fiquei
alegre e surpresa.
Já me organizei para estar lá, no Palácio das Artes, no dia
e hora marcados.
Estava curiosa para ver de perto e conhecer o Ernane Alves.
O tema do livro me chamou atenção.
Não conhecia o autor e o fato de ter sido convidada me
aguçou a vontade de compartilhar aquela
manhã de lançamento.
De cara vi que o Ernane é uma pessoa muito reconhecida.
Muita gente foi ao lançamento, comprou o livro, levou flores
azuis e aguardou na fila pelo autógrafo, fotos e bate- papo com ele.
Assim que comprei meu exemplar, sentei-me ali no café do
Palácio das Artes e iniciei a leitura.
Fui tomada de imediato pelo título da primeira história: "O
menino que mastigava nuvens". Emocionante e linda. Passei para a próxima
história: "Um principado particular" e fui me envolvendo, sem pressa de receber
meu autógrafo.
Nesta história encontrei a coincidência dos nomes: Ducarmo
e Jorge. Eu sou Maria do Carmo e fui casada com um Jorge.
Eu sou a tia que resolve muita coisa e é considerada muito
inteligente e criativa. Amei essas coincidências e segui lendo.
Ah! Sou canhota também - assim como o Ernane.
O Ernane tem raciocínio rápido e não se importa com
exposições de si mesmo.
“Solta o verbo.”
Ao mesmo tempo que fala de si, das suas dificuldades na
infância, na adolescência e na fase adulta, nos apresenta pistas preciosas
sobre o (TEA). Transtorno do Espectro Autista.
Uma questão no seu livro que gostei bastante também é a
recorrência da pergunta: “Sobre o que é
mesmo que eu estava dizendo?” Ou, Me deu
uma vontade de comer chocolate agora...( por exemplo).
Essas interrupções me relaxavam e, me faziam rir, antes de
seguir em frente.
Percebi, durante todo o livro, o quanto ele admira seus
pais.
O quanto a forma com que eles o criaram, influenciou sua
vida adulta, sua afirmação da inteligência e da capacidade criativa, apesar da
sua baixa auto- estima.
Essas revelações são verdadeiras lições a serem seguidas.
O Ernane é brilhante mesmo.
Chorei na parte IV- “O demônio tinha olhos azuis.” Tive
vontade de ir lá, te proteger e denunciar aquele pedófilo de uma figa.
Sua escrita despertou em mim, sentimentos e sensações muito
fortes.
Em algumas partes eu me via na história e me questionei se
eu teria traços do espectro autista.
Amei o seu modo, sem filtro, de falar da sua sexualidade.
O Ernane foi extremamente verdadeiro, generoso e ingênuo.
E as referências musicais? Incrível, como a música é
importante para autistas e não autistas.
Em todas as partes do livro ele fala de suas descobertas
autistas particularíssimas e evidencia de maneira brilhante, o quanto é
importante não taxar o autismo.
Cada autista é uma pessoa singular. Cada autista,
independente do nível do seu espectro, reage de forma singular.
Eu amei, particularmente a analogia que ele fez ao
“comparar” o Superman com os autistas de
um modo geral.
“...Noutro momento do filme,
já adulto e como Superman (interpretado com destreza e certa humanização por
Henry Cavill), Clark apresenta certo controle de seus incríveis poderes depois
de aprender como filtrar o fluxo de entrada sensorial. Isso lhe dá uma vantagem
distinta quando outros Kryptonianos, liderados pelo General Zod, vêm atacar a
Terra. Esses kryptonianos não sabem trafegar nesse ambiente (a Terra) como
Clark. Fazendo uma analogia particular, percebo que, de alguma forma, esse “super-
herói” vindo de outro planeta demonstra
ter sintomas de algo realmente muito familiar para nós na Terra – o AUTISMO.”
Livro Colapso Azul;
p.195
Sensacional.
Seu livro deve ser divulgado e indicado para professores,
psicólogos, psiquiatras, pais, mães e parentes de autistas.
O Ernane Alves trata de um tema tão delicado e pouco conhecido e pouco
divulgado, e o faz de maneira brilhante, pois parte de suas experiências para
falar do assunto.
Ao escrever se expondo, ele derruba barreiras importantes.
Eu fiquei muito envolvida com a leitura.
Eu não queria parar de ler.
Obrigada por ter me convidado para o lançamento do seu
livro.
Amei te conhecer.
Amei ler o livro.
Na verdade, pareceu-me estar assistindo um filme.
Sua escrita revela muito do seu lado roteirista-diretor
cinematográfico.
Valeu.
Madu Costa/Maria do Carmo
Escritora
BH: 12/10/2021